segunda-feira, 7 de junho de 2010

O começo da história - Parte I

Outubro de 2005, o bebê tinha 3 meses, foi quando fiz a primeira cirurgia. Uns dias depois o diagnóstico, nódulo maligno!!! Doutor, quanto por cento eu tenho de sobreviver? O médico seco e perdido, responde 95%. 5% de morrer? Ai, meu Deus, ainda não tá na hora... Tudo escurece, choro tanto que não consigo ver mais nada. Vou embora do hospital, pra casa da minha sogra. Como vou olhar pra cara daquelas crianças agora? O bebê é mais fácil, mas uma menina de 8 anos já pode ver que estou me matando de chorar, que algo não está nada bem... Ligo pra minha tia, quem vai me ajudar agora? A coitada tá lá em Campo Grande e não vai poder fazer mais nada além de acompanhar meu pânico. Em poucas horas a família está toda mobilizada e terça- feira (tudo começou no domingo) tô indo pra Campinas numa consulta de urgência com um médico conhecido. Minha tia já interrompeu sua viagem.

De repente já tava todo mundo lá em Campinas, mais pânico na consulta. Porém, o médico era um fofo e foi muito paciente, o que acabou me acalmando. Cirurgia marcada: mastectomia, todo o seio teria que ser removido porque o tumor era razoavelmente grande, digamos que uma pequena laranja, apesar de não ter sido comprovado de que tudo era tumor, mas na dúvida...

Bom, nem precisa dizer que o desmame foi abrupto, enfaixei meus seios para parar de produzir leite sem ajuda de hormônios (que poderiam causar efeitos indesejados) até a data da cirurgia (na sexta-feira). E o pequeno Enzo teve que engolir na marra a mamadeira, introduzida com muito cuidado por uma avó que substituiu com primor a mãe, neste momento tão difícil.

Acordamos cedo na sexta, minha tia Danda me leva ao hospital, tudo muito estranho e meio assustador. Ainda tá de noite quando atravessamos a cidade. Coincidentemente, da janela do quarto posso ver o apartamento onde passei a infância e adolescência. É, nasci nesta cidade, o que me faz sentir mais segura e confortável. Além disso, o local é bem arborizado, o que deixa mais leve uma circunstância pesada, se é que isso é possível nesta situação.

Passada a cirurgia, a recuperação, voltar da anestesia é muito estranho, quem já passou por isso sabe o que estou falando, uma sensação esquisita de estar e não estar dentro de si, entender parcialmente o que acontece à nossa volta. No meu caso, lembro que já acordei dando ordens pra todo mundo. Minha família estava ainda em Assis (onde moro) e já quis todo mundo em Campinas no fim de semana. Lembro que tínhamos um casamento, mas o vestido ficou no armário.

Fui pra casa da tia Danda, que cuidou de mim com o maior carinho do mundo, não é à toa que no Dia das Mães ela recebe presentes também, junto com a tia Vilma e minha mãe. É, tenho três exemplares!

Aos poucos, as coisas foram voltando ao normal, voltei pra casa, fui mexendo o braço, que no inicio estava praticamente imobilizado. Mas continuo sem um seio, por conta da gestação e amamentação, a reconstrução fica pra daqui um ano, quando meu corpo voltar ao “normal” (se é que alguma coisa vai ser normal daqui pra frente!!)

Claro que tive que enfrentar sessões diárias de radioterapia (umas trinta no total) e quimioterapia (seis). Sofri muito com elas, então não vou entrar em detalhes...Muitos vômitos, diarréia e idas à farmácia de madrugada pra tomar injeção.

O cabelo caiu, como sempre acontece, mas não optei pela peruca, usei lenços coloridos, porque achava mais estiloso. Mas no meio de tanta confusão, o bebe pequeno, a família toda transferida para Campinas em plena época do Natal ( coitada da minha tia), acho que não sofri tanto com isso.

Um comentário:

  1. Oi Flor, adorei essa sua idéia do blog. Terapêutico isso, né? rs
    Ñ sou capaz de expressar o qto te admiro, Má. Uma luta tão grande, e vc está sendo super forte!
    Saiba q mesmo de tão longe, estou sempre pensando em vc e torcendo mto, e q vc pode contar comigo sempre!
    Te amo muito, amiga!
    Saudades!!!
    Bjoks,
    Lu

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